Às vésperas do início dos debates em torno do 7º Congresso do PSOL a militância foi surpreendida com mais uma ação visando deformar a democracia partidária. Dessa vez na principal capital do país, onde o grupo que hoje possui maioria na direção praticou um verdadeiro golpe contra o partido, postergando o período estabelecido para as inscrições de pré-candidaturas do PSOL à prefeitura de São Paulo para esperar uma decisão sobre os pré-candidatos do PT.
Infelizmente, já é tradicional que nos períodos congressuais o grupo que hoje denomina-se Primavera (quem compõe o campo da Alianças) utilizar de métodos antidemocráticos para aplicar seu projeto político, como as fraudes de Macapá, onde conquistaram a maioria na direção do PSOL em parceria com a prefeitura do DEM. Esses métodos praticados por esse setor dificultam que o partido seja uma verdadeira alternativa de esquerda e anticapitalista.
Em São Paulo a deputada Sâmia reúne as condições para fazer a melhor disputa eleitoral
O PSOL de São Paulo, através de uma combativa militância e uma boa atuação parlamentar, vinculado as lutas, conquistou prestígio e um perfil de luta e coerente. A expressiva votação e o crescimento de sua pré-candidatura em setores da juventude e dos trabalhadores são a maior expressão disso.
Mas, o crescimento do PSOL em São Paulo e esse perfil combativo é motivo de preocupação para a atual direção majoritária, que teme que a força da militância enterre o seu projeto de liquidação do projeto fundacional do PSOL, do PSOL dos radicais que se postulavam reconstruir a esquerda anticapitalista no Brasil. No Rio de Janeiro essa batalha está na pré-candidatura de Renato Cinco que hoje expressa esse perfil combativo e independente tão necessário ao PSOL.
Ampla unidade de ação nas ruas não pode se confundir com construção de um projeto político comum
Estamos diante de mais de um ano do governo de direita de Bolsonaro, do descrédito crescente da população contra o governo e diante de lutas contra os planos de ajuste. Por isso o 7º Congresso do PSOL será cruzado por um importante debate: qual a melhor forma de enfrentar Bolsonaro, a extrema-direita e seus distintos governos? Divergimos da posição majoritária nessa questão. A aliança diz que nossa posição é sectária mais isso é falso. Sabemos que muitos filiados do PSOL podem achar interessante a proposta de Frente Ampla, mas queremos expor nossa visão.
Sabemos o que é consenso: Bolsonaro é um inimigo comum. Toda a agenda do governo está voltada para que a classe trabalhadora seja super explorada, sem direitos sociais e trabalhistas; sem direito de protestar e impondo um padrão de comportamento nos costumes. Por isso é sim necessária a mais ampla unidade de ação nas lutas concretas contra as políticas do governo, mas muito diferente disso é a construção de frentes eleitorais com partidos que também fazem ajustes e que estão junto ao grande capital.
Os governadores da Frente Ampla aplicaram reformas da previdência
Infelizmente os governos do PT, PSB, PDT e PCdoB apoiaram reformas da previdência nacional de Guedes e em seguida aplicaram reformas em seus estados, como a Bahia, Ceará e Piauí. Não é possível condenar a forma servil que se comporta Bolsonaro diante de Trump, mas aceitar entregar as bases de Alcântara no Maranhão para o governo Ianque.
Por isso apesar de estarmos eventualmente junto com esses setores na luta contra as medidas de Bolsonaro nosso objetivo é distinto aos do PT e demais partidos da esquerda da ordem, pois queremos apresentar um programa alternativo ao povo trabalhador. E isso não é possível com a Frente Ampla que mostra suas limitações nos governos estaduais.
Por uma frente de esquerda e socialista
Na contramão da Aliança que hoje aposta em frentes eleitorais cada vez mais amplas e a seguir vinculando o PSOL ao PT onde for possível, nós entendemos que o partido deve manter-se coerente e não se confundir com os partidos e políticos que já governaram junto de bancos e empresários aplicando ajustes e fazendo negociatas. Por isso, defendemos a necessidade de uma Frente de Esquerda Socialista que reúna apenas as organizações da nossa classe, como o PSOL, PSTU, PCB, UP, MTST, APIB e CSP Conlutas, para enfrentar Bolsonaro, governadores e prefeitos e apresentar uma saída de fundo, que se posicione exclusivamente ao lado dos de baixo e que sirva para gestar uma verdadeira alternativa rumo a um governo dos que nunca governaram, os trabalhadores, a juventude, as mulheres e o povo pobre. Com uma aliança assim os camaradas do PSTU poderiam participar pois não haveria problemas de princípios.
Por isso, junto aos setores do Bloco da Esquerda Radical, como Plínio Jr, Renato Cinco, LS, PSOL Pela Base, LRP, SoB e AS assinamos a tese nacional “Por um PSOL, de luta, radical e pela base” onde também fazemos um chamado para unir todos os setores do partido que estão contra o curso liquidacionista imposto pela Aliança para mudar o rumo e a direção do PSOL. Defenderemos nas plenárias municipais, congressos estaduais e nacional uma ampla unidade do bloco radical com MÊS, APS e COMUNA
Danilo Bianchi
Dênis Vale