Entre os dias 3 e 6 de outubro, ocorreu o 4º Congresso Nacional da CSP Conlutas. Os delegados e delegadas eleitos debateram e aprovaram as resoluções políticas e o plano de ação que vão nortear a intervenção da Central no próximo período.
O congresso ocorreu em meio aos ataques do governo Bolsonaro/Mourão. Mas as categorias que participaram do congresso simbolizavam a representação dos trabalhadores, que apesar dos ataques, mostra que existe muita disposição para enfrentar o governo. São os lutadores que estiveram na linha de frente de greves, atos e mobilizações. Felizmente, o congresso da nossa Central armou o sindicalismo combativo e os lutadores da nossa classe com uma política correta, contra o autoritarismo e o ajuste de Bolsonaro e dos patrões.
O plano de ação da CSP-CONLUTAS prevê três eixos fundamentais
“1-Lutar já pela unificação das lutas em curso” para buscar “unificar os setores que podem entrar em luta nesse momento, lutar contra o desmonte e entrega de direitos e cercar de solidariedade as lutas que existirem”; “2- Manter o chamado à Unidade de Ação e à Frente Única da classe trabalhadora para lutar”, para construir “unidade para lutar com todas as organizações da classe trabalhadora e do movimento popular” […] “nos esforçando para que esta unidade para lutar aconteça, mas não nos paralisaremos perante o desmonte de mobilizações ou o imobilismo”; “3- Unir os que querem lutar e organizar os lutadores”… “Buscaremos organizar e dar alternativa para unir as lutas e os lutadores, coordenar uma movimentação que permita, desde os estados ou regiões, juntar os setores que querem lutar em torno de um programa mínimo que defenda nossas reivindicações e enfrente a ofensiva dos governos e patrões. Vamos, onde for possível e necessário, realizar encontros de lutadores, que reúna as organizações sindicais, populares e estudantis dispostas a lutar”.
A ala Lulista da CSP-CONLUTAS foi derrotada
Apesar de unidade contra Bolsonaro, ocorreram divergências importantes em temas como conjuntura Internacional/Nacional e o balanço político da Central. Essas divergências demarcaram a existência de dois blocos políticos que polarizaram o congresso. Uma polarização marcada entre os que defendem manter a Central na independência de classe, longe dos governos de conciliação e os que apostam nas frentes amplas com o petismo como parte da estratégia da Central, principalmente os dirigentes da corrente Resistência. A dispersão desse campo, a falta de ânimo de suas bancadas e o boicote ao congresso (expresso em não tirar ou não levar os delegados) significou uma derrota para essas posições.
As resoluções reafirmaram que a CSP Conlutas está ao lado dos trabalhadores e dos sindicalistas presos pelo governo Maduro e contra Guaidó e a intervenção imperialista. Prepararam para a luta contra o autoritarismo e o ajuste fiscal aplicado pelo governo Bolsonaro. Denunciaram a seletividade da Lava Jato, defendendo o direito de Lula a um novo julgamento, mas sem passar a mão na cabeça dos corruptos. Apontaram para a necessidade de uma nova direção para a classe trabalhadora, pelo fortalecimento da Central como um polo alternativo e das lutas das mulheres contra o machismo e a opressão.
Delegados aprovam apoio à FIT
Um dos pontos altos do congresso foi a aprovação do chamado ao voto na Frente de Esquerda dos Trabalhadores — Unidade (FIT-U), na Argentina, como alternativa ao governo liberal de Macri e ao Kirchnerismo. Esse apoio é o reconhecimento da Frente como uma referência de esquerda com independência de classe e um programa anticapitalista. Juntamente com a resolução de apoio à rebelião de Hong Kong, foi um ponto muito importante do internacionalismo da nossa Central.
Delegação da Combate marcou presença no congresso
A delegação da corrente sindical Combate cumpriu um papel importante nos debates do congresso e foi uma das principais bancadas da Central. Com uma delegação composta por trabalhadores da educação, Correios, SPF’s, Garis, metroviários e bancários, contribuiu e foi parte fundamental daqueles que defenderam manter a Central no rumo político de enfrentamento aos governos de Bolsonaro e dos seus satélites nos estados, bem como reafirmou a CSP Conlutas como uma direção de luta, com independência de classe e trabalho de base. Atuamos no congresso junto ao setor majoritário, conformado pelos camaradas do PSTU e demais grupos aliados. Defendemos, também, resoluções em conjunto com os camaradas da LS.
Fortalecer a CSP Conlutas na base
Esse congresso mostrou que a CSP Conlutas tem potencial para construir um polo alternativo para os trabalhadores. O acerto político no último período ajudou na correta localização da Central. Sem dúvida que a CSP Conlutas apresenta problemas que devem ser resolvidos por meio de muito debate democrático e dentro dos nossos fóruns, sem hegemonismo. É preciso fortalecer esse instrumento com uma participação ativa de todos os setores através do trabalho de base e da aplicação da democracia operária. Uma tarefa fundamental é aplicar, até o final, as resoluções em todas as categorias e todos os estados. Ao mesmo tempo, construir uma frente política sólida que possa conduzir a Central, com base no programa votado pelos delegados e delegadas.
ATO EM APOIO À FIT NA CSP CONLUTAS
Durante o congresso, ocorreu um ato organizado pela UIT — QI (Unidade Internacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras — Quarta Internacional) em apoio à FIT — U da Argentina, construído pela CST e LS. A atividade contou com uma mesa composta pela deputada do Izquierda Socialista e da FIT Angelica Lagunas, o professor Plínio de Arruda Sampaio Jr, os vereadores do PSOL Babá e Renato Cinco e o dirigente do PSOL Douglas Diniz. Ativistas sindicais da educação, das universidades, dos Correios, dos servidores públicos, garis também se fizeram presentes ao ato.
Angelica relatou a importância da frente de esquerda na luta contra os ajustes de Macri ao mesmo tempo em que combate a falsa alternativa representada nas candidaturas Fernández/Cristina. No mesmo dia em que ocorria esse ato no congresso da CSP Conlutas, mais de 20.000 pessoas lotavam o Obelisco no comício da FIT.
Todos os presentes na mesa reconheceram a FIT como uma referência política para o Brasil e afirmam a importância de se construir no país uma frente de esquerda para combater o governo Bolsonaro e se postular como alternativa política frente ao petismo.